O futebol é considerado um desporto com um elevado risco de lesões, já que se trata de um desporto onde se realizam ações intermitentes a alta intensidade, e o contato entre os jogadores de ambos as equipas é, na maioria dos casos, inevitável.
No presente post vou tratar de introduzir as distintas e mais comuns lesões de que um futebolista pode sofrer, e como se podem evitar ou tratar. O meu objetivo nas próximas semanas é ir falando de maneira independente de cada uma delas.
Índice
O que é uma lesão no futebol?
Estudou-se muito a incidência das lesões no futebol profissional, e os autores situam-na, em média, entre 5 e 9 lesiones por cada 1.000 horas de exposição (ou o que é o mesmo de prática do desporto); sendo a incidência da lesão durante os jogos 6 vezes superior do que durante os treinos.
Tipos de lesões
No que diz respeito ao tipo de lesões, existem diferentes classificações de acordo com os critérios que utilizamos. Se as valoramos de acordo com a sua duração, podemos diferenciar entre lesões leves (1 a 7 dias de baixa), moderadas (7 a 30 dias de baixa) e graves (mais de 30 dias de baixa).
Por outro lado, se as classificamos de acordo com a zona ou o tecido afetado, as principais lesões que encontramos são:
Lesões Musculares: produzem-se no tecido muscular por um sobre-esforço ou um traumatismo. Dividem-se, por sua vez, em:
- Lesões musculares de Grau 0: desestruturação leve, conhecido coloquialmente como contratura.
- Grau 1: pequena rotura de fibras, conhecida também como micro-rotura.
- De grau 2: rotura de um número mais elevado de fibras e tecido conector com aparecimento de hematoma.
- Grau 3: Rotura importante ou completa da continuidade das fibras, que é caracterizada por uma impotência funcional.
As lesões musculares são as mais habituais num campo de futebol?
Lesões Ligamentares: afetam os ligamentos e produzem-se por um sobre-alongamento dos mesmos, dando lugar às famosas entorses. Este tipo de lesões também se dividem em graus de acordo com a sua gravidade:
- Entorse Grau 1: sobre-alongamento sem desestruturação, ou rotura do tecido.
- De grau 2: rotura parcial do ligamento.
- Entorse Grau 3: rotura total ou rasgar do ligamento.
Lesões dos Tendões ou tendinopatias: os tendões são as estruturas que unem os músculos aos ossos e que se encarregam de transmitir o movimento produzido pelas contrações musculares ao nosso esqueleto, pelo que assumem uma grande absorção de forças que podem levar os tendões a lesões por excesso de uso.
Lesões Ósseas: são aquelas lesões que afetam os nossos ossos. Principalmente, encontramos 2 tipos de lesões: com contato (por traumatismos) e sem contato (fraturas de stress).
Lesões mais comuns no futebol
Dentro das lesões musculares, a zona que se vê afetada em maior medida é a zona da coxa, que recolhe o 36,6% de todas as lesões musculares num plantel de futebol.
Conheces quais são as lesões mais comuns no futebol? Aqui deixo os dados.
Em segundo lugar, vamos encontrar as lesões de tipo ligamentar, em redor dos 20% das lesões. Dentro deste tipo de lesões, as mais comuns são as entorses do tornozelo, assim como as do joelho (ligamentos laterais externo e interno, principalmente).
Qual é a pior lesão que pode sofrer um futebolista?
Apesar de que não existem lesões boas e lesões más, há algumas lesões cujo prognóstico no momento da recuperação vai ser melhor ou pior.
Como comentámos anteriormente neste artigo, as lesões de longa duração vão ser as piores lesões que um futebolista pode sofrer, já que o vão afastar dos terrenos de jogo durante uma longa temporada.
Dentro destas lesões, destacamos duas atendendo à sua gravidade:
- Rotura do ligamento cruzado anterior: situado no interior da articulação do joelho, este pequeno ligamento serve como nexo de união entre o fémur e a tíbia, dando estabilidade à articulação. O seu tratamento costuma ser cirurgia, substituindo-se o ligamento roto por uma porção de tendão (geralmente dos isquiossurais ou do tendão rotuliano). A sua recuperação dura entre 6 a 9 meses, se bem que é verdade que a literatura nos indica que qualquer volta à competição antes dos 9 meses supõe um elevado risco de recaída.
Lesão do joelho ou dos ligamentos cruzados, a lesão mais temida no futebol por causa do tempo de baixa.
- Rotura do Tendão de Aquiles: situado na parte inferior da nossa cadeia posterior, este tendão serve de nexo entre a perna e o pé, absorvendo e transmitindo forças durante praticamente todos os movimentos que realizamos no campo. Este tendão rompe-se, geralmente, pelo excesso de uso, e a sua rutura costuma ser completa. O seu tratamento é cirúrgico. Depois da operação, demora-se em redor de 4 meses para voltar a aplicar carga sobre a estrutura, mas a recuperação total vai prolongar-se até aos 12 meses.
Como se tratam as lesões no futebol
Não existe um tratamento modelo para as lesões no futebol já que, como vimos, cada lesão tem umas características muito definidas que serão as que guiem o processo de recuperação. No entanto, existem certas práticas comuns a todas elas.
Uma das mais unânimes pela literatura científica é que uma mobilização antecipada ajuda a que a recuperação seja melhor.
Normalmente ouvimos médicos não especializados em medicina desportiva que recomendam repouso absoluto perante uma lesão desportiva. No entanto, isto não é benéfico para o desportista, já que entorpece a correta recuperação dos tecidos.
Por exemplo, perante uma lesão muscular de grau 1 no desafio anterior do quadriceps, o repouso absoluto vai gerar que o nosso músculo se regenere com uma cicatriz de tecido conector (comumente conhecida como fibrose) que vai predispor o nosso músculo a novas lesões.
A mobilização antecipada adaptada à lesão vai ajudar a minimizar essa fibrose e que as fibras se regenerem com uma orientação correta, reduzindo-se as possibilidades de recaída.
Um exemplo seria o trabalho aeróbico sem impacto, como a bicicleta, o trabalho de mobilidade e as contrações isométricas (sem encurtamento-estiramento das fibras).
Quais são os trabalhos que um futebolista deve realizar quando está lesionado?
Trabalho de prevenção
Como diz o ditado, “mais vale prevenir do que remediar”, e, se bem que é certo que nem todas as lesões se podem prevenir, podemos de facto reduzir a probabilidade de sofrer uma lesão.
A natureza das lesões tem muitos fatores e, portanto, se dedicamos todos os nossos esforços a um único fator, como é a força, estamos a deixar de lado outros fatores igualmente importantes.
🏋️♀️Propuesta de protocolo de fuerza en fase de readaptación tras cirugía LCA🏋️♀️
⚡️⚪️🔴⚡️@GallardoC90 @torrijos92 @svazquez94 pic.twitter.com/sNGMCu7Jt5— Carlos Gallardo (@GallardoC90) November 7, 2019
Entre estes fatores, destacamos uma boa mobilidade articular, uma técnica o mais depurada possível, e o que conhecemos como treino invisível. Além disso, devemos controlar outros fatores, como o stress e o consumo de álcool, já que são os nossos inimigos na hora de reduzir esse risco de lesão.
Conselhos para não haver lesões
O principal conselho para não haver lesões passa por um auto-conhecimento muito bom e cuidar-se durante as 24 horas do dia, não apenas as 2 ou 3 horas que passamos no clube.
Uma boa nutrição e hidratação que nos ajude a ter sempre energia disponível durante o treino e nos forneça todos os nutrientes necessários para uma correta recuperação é indispensável para não haver lesões.
Trabalho diário, cuidados e profissionalismo, chaves d@s futebolistas.
Por último, realizar um bom trabalho de prevenção que inclua trabalho de força específico para o futebol, mobilidade articular e uma grande estabilidade do CORE, são as chaves no momento de reduzir o risco de sofrer uma lesão.
Fontes Bibliográficas
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Tipos - 100%
As mais comuns - 100%
Como se tratam as lesões - 100%
Conselhos para não ficar lesionado - 100%
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