Máscaras e o Coronavirus, se uso máscaras de proteção vou estar protegido? Analisamos com toda a informação deste importante assunto e assim como os diferentes tipos que existem.
Índice
- 1. Situação actual
- 2. Medidas de controle
- 3. O que são as máscaras
- 4. Máscara cirúrgica
- 5. Máscara Respiratória
- 6. As máscaras ajudam a prevenir uma infeção?
- 7. Diferencias entre exposições a patogénios
- 8. Eu fiz uma blindagem caseiro mega-efectivo
- 9. Máscaras de pano
- 10. O que é melhor máscara respiratória ou uma máscara cirúrgica?
- 11. Manipulação das máscaras respiratórias
- 12. Mais controversa actual
- 13. Devo usar máscara?
- 14. Referências Bibliográficas
- 15. Entradas Relacionadas
Situação actual
Devido ao estado de alarmante em que nos encontramos, onde o SARS-CoV-2 já causou mais de 16.362 mortes, com uma curva de infectados que em vez de aproximar a descrever uma meseta, está aumentando perigosamente a medida que avança a doença.
Figura I. Curva dos contagiados mundial desde o 22 de Janeiro.
Medidas de controle
Entre as medidas propostas para prevenir o contagio por COVID-19 se encontra no uso de EPI (equipamento de proteção individual).
Dentro deste grupo, as máscaras são as que geram mais preocupação.
Não sei si é pela percepção de eficácia, o preço, acessibilidade ou porque sempre o seu uso é comum entre pessoas da saúde, ou como as pessoas viram nas séries ou nos filmes.
Figura II. Fotograma da série House MD onde se observa uma máscara cirúrgica.
O que são as máscaras
As máscaras são equipagem de proteção individual que cobrem as vias aéreas com uma superfície que atúa como barreira física impedindo a entrada de patogénios, também são os chamados serviços de proteção respiratória.
Todas são iguais?
Não.
Máscara cirúrgica
A máscara clássica de um médico como a da foto anterior, é a máscara cirúrgica (embora devem ser rotuladas em base ao seu uso: dental, isolante, cirúrgica…).
Faz parte do equipo de proteção individual que um profissional saúde utiliza para prevenir a sua exposição a um contagio transmitido a través das gotas que se transmitem desde a boca e o nariz de terceiras pessoas.
Também pode ser usado como fonte de controle para evitar contagiar as outras pessoas com as tuas próprias secreções de fluidos oronasofaringeos.
Figura III. Fotograma da série House MD
Máscara Respiratória
Já os respiradores são serviços de proteção que se utilizam para proteger ao usuário que o utiliza para proteger contra certos níveis de contaminante presentes no ar.
Estes dispositivos oferecem maior proteção ante contagios que possam causar infeções mediante o seu transporte em meios aerosolizados, e se categorizam em função da capacidade de filtrado ante partículas no teste estandardizados:
A famosa N95 filtra o 95% destas partículas.
- Se a denominação do respirador é R indica que é resistente as gotas de óleo de pequeno tamanho(1-10mcm);
- Se a denominação é P indica que é muito resistente.
Ou seja, são serviços preparados para enfrentar a bioaerosois infecciosos e contaminantes de pequeno tamanho de partícula.
Figura IV. Trabalhador manual que utiliza uma máscara respiratória.
As máscaras ajudam a prevenir uma infeção?
Sim, ao menos parece que existe uma tendência positiva.
Ou seja, as máscaras atúam como uma barreira física real e efectiva para enfrentar a determinados patogénios.
Limitações dos estudos
Muitos deles são só observações, não realizam provas serológicas e determinam os resultados em base a sintomatologia.
Outros não tem um grupo de controle, não tem em conta as características de transmissão do patogénio, nem o tipo de exposição da mostra que esta sendo intervertida…
Resultados
Ainda assim, podemos observar na meta-análise como os de Jefferson et al., (2009) que levar máscara reduz o risco de contagio, sendo neste caso, incluso mais efectivo que outras estratégias como lavar frequentemente as mãos manos.
Figura V. Diagrama de bosque sobre los efeitos da lavagem frequentemente de mãos e o uso de máscaras entre o profissional da saúde. O que se encontra a esquerda indica que existe menos infeções nos que utilizam as recomendações.
Pelo que “usar máscara diminui” o risco de sofrer uma síndrome respiratória agudo.
Diferencias entre exposições a patogénios
Nem todos os vírus são igual, nem se transmitem igual.
Quando falamos de um vírus como a gripe, os resultados são muitos controvertidos.
Não parece ter homogeneidade nas reduções da quantidade de infeções causadas pelo o vírus e mais bem a leve tendência positiva que se observa se associa ao uso de máscaras em conjunto a outros EPI e a sua utilização, consistente e correta (bin-Reza et al., 2012).
Embora a incidência de SARS (síndrome aguda respiratória) se reduz em 8 de 9 artigos revisados, independentemente de qual é a redução na incidência de infeção por gripe não seja homogénea.
Efectividade contrastada
Ao menos, como parte de um conjunto de estratégias (uso de luvas, desinfeção frequente de mãos, uso de trajes especializados…) para redução de infeções víricas que produzem SARS.
Eu fiz uma blindagem caseiro mega-efectivo
Estas últimas semanas, e ante a falta de abastecimento de material médico de proteção pessoal vimos ver, tanto por redes sociais como quando fomos aos supermercados , pessoas que fabricaram os seus próprios serviços de proteção respiratória.
Figura VI. Protector respiratórios de fabricação caseira.
Incluso falando de máscaras e máscaras respiratórias fabricadas com materiais testados para filtrar partículas de micrómetros de tamanho, não podem determinar com precisão a sua eficacia para a prevenção de infeções e este efeito parece ser pequeno…
Como um material auto construído pode ajudar a enfrentar a infeção?
Máscaras de pano
Muitos já pensou em:
“…coloco um cachecol ou algo do género tapando a boca e o nariz e assim estarei protegido…”
O certo é que não só não protege, já que o material possui uma porosidade superior ao diâmetro de qualquer vírus, más que também pode ser prejudicial.
Figura VII. % de desenvolvimento da doença respiratória clínica (CRI), processo gripal (ILI) e positivo em determinados vírus (Vírus) em indivíduos que levam máscaras auto construídas com panos, grupo controle e indivíduos que usam máscaras médicas.
Possivelmente se deve a falsa sensação de segurança que esta gera e que fazia que os usuários aproximasse aos contagiados, tomassem menos preocupações, por não dizer que as vezes tocam estes dispositivos para ajustar na cara, aumentando drasticamente o risco de de infeção.
Neste estudo o uso de máscaras diminuiu a taxa de infectividade pelo por vírus (confirmado por serología) em um 0,7% respeito ao grupo controle; ou seja, de cada 1000 exposições, 7 contagiados menos.
Conclusão
- Guarda uma distância prudencial com as pessoas.
- Lava bem as mãos ao chegar a casa.
- E se tem máscara utiliza.
O que é melhor máscara respiratória ou uma máscara cirúrgica?
Embora em um principio a resposta pode parecer simples… Não é.
Smith et al. (2016) compararam os estudos que avaluaram os efeitos do uso de máscaras cirúrgicas e respiradores (N95) sobre a infectividade da amostra, e o desenvolvimento de doenças em general.
Há hipótese que a pesar de que em laboratórios e condições similares as máscaras respiratórias podem apresentar certa superioridade, em outros cenários como o clínico, isto é difuso , especialmente pelo discomfort que gera as máscaras respiratórias.
Manipulação das máscaras respiratórias
Estes dispositivos selam a área facial que cobrem enquanto que as máscaras não o fazem.
Devido a isto causam a irritação nos perímetros que tomam contato com a pele, e até os médicos esquecem e manipulam indevidamente estes dispositivos, ajustando com as mãos e movendo do lugar:
Figura IX. Efeitos do uso de uma máscara respiratória N95 vs máscara cirúrgica sobre o risco de infeção confirmada em laboratório, em RCTs, estudos de cohortes, e estudos de caso-controle. Na esquerda indica superioridade da máscara respiratória, para a direita da máscara cirúrgica.
Quem sim deve utilizar
Isto se deve a que não todos os estudos mostram os mesmos resultados, e por exemplo neste caso, o uso generalizado de N95 é superior ao seu uso pontual (obviamente), más também ao uso generalizado de máscaras cirúrgicas reduzindo as infeções causadas pela transmissão a través de gotas (tanto bacterianas como víricas, incluindo a gripe.
Figura X. RR de infeção por bactérias, vírus, gripe e qualquer patogénio transmissível por gotas após o seu uso generalizado e pontual de um respirador N95 e de uma máscara cirúrgica em relação ao uso destes dispositivos. Para a esquerda indica benefício do uso.
Além disso de uma instrução sobre o seu uso e manipulação.
Mais controversa actual
Embora, de novo, Radonovich et al. (2019) publicaram em JAMA um RCT de boa qualidade metodológica com 2862 sanitários da amostra que demonstrava que não existia diferencias significativas no uso de uma máscara respiratória N95 e uma más máscara cirúrgica sobre o desenvolvimento de infeções por gripe, um 1% menos nos usuários de máscaras.
Ainda assim devemos lembrar uma gripe não é igual que o SARS-CoV-2 e por tanto os resultados não são completamente extrapoláveis.
Figura XI. Diagramas de bosque que determinam o RR de infeção pela gripe confirmada em laboratório (A) e outras medições em função do uso de uma máscara respiratória (para a esquerda, positivo) ou uma máscara cirúrgica (para direita, positivo).
Devo usar máscara?
Em principio, não. Vou explicar.
Não é que não tenha eficácia, solo que tu, vás a estar exposto a um risco de infectividade mito inferior a um médico ou outro profissional sanitário.
Sabes que a uma grande insistência de que frente ao COVID-19 não se utilizem máscaras.
Isto se deve a que actualmente não existe abastecimento a nível mundial e temos aos nossos profissional de saúde trabalhando com as máscaras descartáveis, reutilizadas durante dias, o qual supõem um grande risco de infeção para eles embora continuam cumprindo a sua função de barreira como fonte de controle para que eles não infectem a outros.
Não falo que não seja lícito ter um pouco de medo, e isso não te exime da tuas responsabilidade de manter informado e ter preocupações quando saias a rua.
Más acredita que é mais simples para ti guardar uma distância de um metro e meio com as pessoas, que a um médico que tem que valorar uma paciente e expor a bioaerosois para o seu diagnóstico.
Figura XII. Noticia do jornal electrónico Espanhol “El Correo”. Recuperado de: https://www.elcorreo.com/sociedad/salud/gobierno-pide-sanitarios-20200319121851-nt.html?ref=https:%2F%2Fwww.google.com%2F .
Um profissional da saúde exposto deveria utilizar más FFP3/N95 quando realiza as provas diagnósticas com alto risco de exposição, como a recolhida de mostras orofaríngeas, e como não tem, estamos expondo de forma absurda a um risco que não necessário.
Figura XIII. Infográfia publicada pelo Ministério de saúde do Governo da Espanha na última edição de proteção antes os riscos laborais derivados do COVID-19 entre profissionais da saúde.
Figura XIV. Recomendação do uso de máscaras de acordo o CDC.
Referências Bibliográficas
- bin-Reza, F., Lopez Chavarrias, V., Nicoll, A., & Chamberland, M. E. (2012). The use of masks and respirators to prevent transmission of influenza: A systematic review of the scientific evidence. Influenza and Other Respiratory Viruses, 6(4), 257–267.
- Brown, C. K. (2019). Respiratory Protection Against Emerging Infectious Diseases: Face Masks, Respirators, and Tools for Choosing between Them. Health Security, 17(2), 133–139.
- Cascella M, Rajnik M, Cuomo A, et al. Features, Evaluation and Treatment Coronavirus (COVID-19) [Updated 2020 Mar 20]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-.
- Centers for Disease Control and Prevention. (2020, 20 marzo). Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) – Prevention & Treatment. Recuperado 25 marzo, 2020.
- DC_AA_refVal=https%3A%2F%2Fwww.cdc.gov%2Fcoronavirus%2F2019-ncov%2Fabout%2Fprevention.html
- Jefferson, T., Del Mar, C., Dooley, L., Ferroni, E., Al-Ansary, L. A., Bawazeer, G. A., … Rivetti, A. (2009). Physical interventions to interrupt or reduce the spread of respiratory viruses: Systematic review. BMJ (Online), 339(7724), 792.
- MacIntyre, C. R., Chughtai, A. A., Rahman, B., Peng, Y., Zhang, Y., Seale, H., … Wang, Q. (2017). The efficacy of medical masks and respirators against respiratory infection in healthcare workers. Influenza and Other Respiratory Viruses, 11(6), 511–517.
- MacIntyre, C. R., Seale, H., Dung, T. C., Hien, N. T., Nga, P. T., Chughtai, A. A., … Wang, Q. (2015). A cluster randomised trial of cloth masks compared with medical masks in healthcare workers. BMJ Open, 5(4), e006577.
- McCoy, C. E. (2017). Understanding the intention-to-treat principle in randomized controlled trials. Western Journal of Emergency Medicine, 18(6), 1075–1078.
- Radonovich, L. J., Simberkoff, M. S., Bessesen, M. T., Brown, A. C., Cummings, D. A. T., Gaydos, C. A., … Perl, T. M. (2019). N95 respirators vs medical masks for preventing influenza among health care personnel: A randomized clinical trial. JAMA – Journal of the American Medical Association, 322(9), 824–833.
- Smith, J. D., MacDougall, C. C., Johnstone, J., Copes, R. A., Schwartz, B., & Garber, G. E. (2016). Effectiveness of N95 respirators versus surgical masks in protecting health care workers from acute respiratory infection: A systematic review and meta-analysis. Cmaj, 188(8), 567–574.
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