Analisamos os principais pontos das crise que vivem profissionais da saúde no sistema de saúde e o que fazem para enfrentar a pandemia mundial do coronavírus.
Índice
- 1. Crise Humana e Económica
- 2. Crise no Sistema de Saúde
- 3. Inflexibilidade de um sistema infra-financiado de forma crónica
- 4. Profissionais de saúde: heróis ou mártires?
- 5. Infra-financiamento da investigação e desenvolvimento
- 6. A evidencia científica não é tudo
- 7. Sistema de saúde baseado na Medicina e não na prevenção
- 8. Interdisciplinar como melhor forma
- 9. O sistema de saúde se nutre da doença crónica não aguda
- 10. Os residentes suportam o sistema de saúde e sem eles se desmoronaria
- 11. Conclusões
- 12. Entradas Relacionadas
Crise Humana e Económica
Estamos imersos em uma crise mundial sem precedentes, que não é comparável, por muitas analogias que inventemos, a conflitos bélicos passados ou outras mortíferas pandemias que a humanidade já enfrentou.
Os efeitos negativos e, termos de custo humano e económico já estamos vendo e ainda há mais e piores que ainda estão por chegar.
Más também estamos aprendendo muitas lições. Lições muito duras. Aprendidas de forma dolorosa.
Muitas lições
Crise no Sistema de Saúde
A crise actual pôs mais do que nunca em evidência as deficiências de um sistema de saúde que se debate com dificuldades..
Deficiências que, com detalhes e diferencias, têm um fundo internacional e uma homogeneidade muito interessantes.
Inflexibilidade de um sistema infra-financiado de forma crónica
Temos o projecto de uma ponte, arquitectos e um pressuposto para construir essa ponte.
Os arquitectos estão convencidos de que construir uma ponte que resista 100 toneladas é mais que suficiente para o fluxo de veículos diário que estão acostumados, que costuma rondar as 80-90 toneladas.
Pouco margem, diria qualquer.
“Más não é necessário gastar mais dinheiro, não temos evidencia de que vão passar mais carros por esta ponte”.
De repente, um dia qualquer, sem prévio aviso, a ponte tem que suportar 150 toneladas. A ponte caí, pois não estava preparada para suportar o peso.
Normalmente temos profissionais da saúde com ordenados medíocres, que trabalham para além do que alguém consideraria razoável. Más esta situação já esta normalizada.
“…É o que fizemos sempre…”
Nós, profissionais de saúde queremos meios antes que aplausos.
Profissionais de saúde: heróis ou mártires?
A romantização de um problema grave…
Nós, profissionais de saúde, não somos melhores agora por estar cuidando a pacientes com coronavírus.
Antes já cuidávamos de pacientes com outras patologias igual ou mais graves.
Também por trabalhar muitas horas.
Isso já o fazemos durante toda a nossa carreira profissional. Estamos acostumados a semanas de 60, 70 e 80 horas semanais (em alguns casos mais do que isso).
Também por não estar bem pagos.
Os enfermeiros que trabalham nos hospitais públicos portugueses dos salários médios mais baixos da OCDE.O montante coloca os enfermeiros portugueses no grupo dos que têm os salários médios mais baixos entre os vários países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Não confundamos o término herói com o término mártir, porque da a sensação de que os aplausos dos últimos dias são dirigidos para os segundo que para o primeiro.
Com a exposição estamos colocando as nossas vidas em jogo e as dos nossos familiares enquanto todo mundo se aferra a nossa “vocação” e “qualidade profissional”.
Isto não é Chernobyl. Não senhor.
- Vamos a atender?
- Claro. Com um saco de plástico na cabeça si é preciso.
- Isto nos converte em heróis?
- Não, mais bem em mártires.
- E não gostamos.
Infra-financiamento da investigação e desenvolvimento
Não se podem formar bombeiros e criar mangueiras quando o campo esta ardendo.
Isto é exatamente o esta acontecendo. Se não vemos o problema, não fazemos nada.
O pressuposto dedicado a ciência continua sendo baixo em Portugal em comparação com outros países europeus.
Más agora, como a saúde mundial presente e futura depende da CIÊNCIA, vamos ter inúmeros projectos de investigação e financiamento de forma rápida.
Não, o correcto é nutrir adequadamente a maquinaria científica durante o ano inteiro.
A evidencia científica não é tudo
Pois está não tem a capacidade de dar respostas rápidas aos problemas graves.
Estamos vendo um fenómeno curioso:
Os padrões das provas científicas estão a ser baixados numa marcha forçada para dar respostas ao problema em questão.
Isto não significa estamos contratando a xamã para lutar contra o coronavírus.
Que terapias são consideradas “de baixa evidencia científica” pela maioria de círculos académicos estão adicionado a terapia contra o coronavírus por ter um baixo risco de fazer dano e um potencial terapêutico considerável.
A maioria da medicação que utilizamos contra este (hidroxicloroquina, Lopinavir/Ritonavir, Interferón, Tocilizumab) tem uma evidencia científica bastante baixa.
Sim, é pela necessidade e importância do problema, deves estar a pensar.
Concordo plenamente, mas talvez muitos pacientes possam beneficiar de terapias que, com um baixo risco de dano, possam ter algum benefício e sejam desprezadas sob a tirania hegemónica das “provas científicas”.
Sistema de saúde baseado na Medicina e não na prevenção
Que contribui para viver numa sociedade débil onde a doença crónica é a norma.
Existe uma coisa que chama-se reserva fisiológica.
Esta reserva fisiológica é como a capacidade de responder e sobrepor a um estressor pontual dos nossos órgãos e sistemas.
Os pulmões com uma ampla reserva fisiológica, por exemplo, são capazes de enfrentar com mais possibilidades de êxito a um invasor, por exemplo um vírus, que uns pulmões com uma reserva fisiológica limite.
Não podemos controlar que sejamos uma sociedade envelhecida.
Más devemos considerar se um sistema de saúde medicocéntrico e que deixa de lado a prevenção/saúde pública não está contribuindo para esta avalancha de doenças crónica e baixa reserva fisiológica populacional.
Interdisciplinar como melhor forma
Os médicos continuamos sendo médicos antes que especialistas. Isso é positivo.
Estamos vendo em hospitais do mundo inteiro como médicos que dedicavam a ver patologias hiperconcretas nas suas salas durante todo o ano.
São forçados a sair da sua zona de conforto e a trabalhar mão a mão com outros profissionais de áreas diferentes para ajudar a resolver o problema.
Talvez, quando isto acabe devemos considerar esta hiper-especialização que deixa tão cega a Medicina.
O sistema de saúde se nutre da doença crónica não aguda
o que mais fornece ao sistema de saúde actual são as intervenções biomédicas, fármacos e cirurgias, para doenças crónicas e não as patologia agudas e potencialmente curável.
Devemos reflexionar sobre isto.
Já falei muitas vezes, o futuro do sistema de saúde nutre-se da saúde dos seus cidadãos.
Que uma pessoa chegue aos 70 anos podendo correr 10 quilómetros ou levantar 100 kg do chão deveria ser motivo de lucro para o sistema de saúde.
Más não, hoje em dia, o que más beneficio gera, é que essa mesma pessoa tenha que ir semanalmente a farmácia, mensalmente ao hospital e anualmente fazer uma cirurgia, com uma capacidade funcional lenta más progressiva, até o momento da sua morte.
Claro que escasseiam.
Os residentes suportam o sistema de saúde e sem eles se desmoronaria
Os residentes somo médicos em formação.
Outro sintoma claro da debilidade do sistema de saúde é que a dia de hoje, sem residentes, o sistema de saúde entraria em colapso.
- As urgências entrariam em colapso.
- As alas do hospital entrariam em colapso.
Sim, Fazemos com prazer.
Infelizmente muitos de nos acaba o contrato de formação, e temos que fazer às malas e ir embora, ou bem optar pela Medicina privada.
Conclusões
Devemos aprender com este momento…
Pois estão surgindo muitas lições e se estão colocando de manifesto muitos males.
Depois de tudo isso se devera fazer os ajustes pertinentes para o sistema que tem fugas por todos os lados.
Nos vemos no próximo post amigos!
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