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Refrigerante Coca-Cola Zero
Embora o melhor seja habituar-se a não beber bebidas adoçadas com açúcar ou com edulcorantes artificiais, uma vez que caso contrário nunca abandonarás essa adição mental por açúcar, é uma tarefa muito difícil inclusive para uma pessoa, como este vosso amigo, que esteve mais de um ano sem comer doce nenhum.
Este é o dia a dia de uma pessoa diabética consciente, uma vez que nem todos os diabéticos o são, uma tarefa quase impossível na hora de ter um pequeno capricho «doce» se também quisermos cuidar da nossa saúde e refrescar ao mesmo tempo (interessante saber que os refrigerantes de cola hidratam mais do que a água, mas isto servirá de mote para outra publicação).
O que contém a Coca-Cola Zero?
A Coca-Cola tradicional é composta por água carbonatada, açúcar, corante preto (E150D), acidificador (E338) e aromas naturais, mas para a Coca-Cola zero substituem o açúcar por edulcorantes: ciclamato de sódio (E952), acessulfame-K (E950) e aspartame, além de adicionar um corretor de acidez (E331).
Vamos analisar estes elementos químicos que alegadamente são o diabo personificado e perceber na realidade se efetivamente afetam a nossa saúde:
Ciclamato de sódio (E952)
O ciclamato de sódio, denominado internacionalmente com o código E952, foi descoberto em 1937 por Michael Sveda na Universidade de Illinois, e é utilizado como edulcorante artificial desde 1950, uma vez que não tem calorias e adoça 50 vezes mais comparativamente com outros edulcorantes.
O seu consumo diário recomendado, segundo as autoridades de saúde, está fixado em 11 mg por cada kg de peso corporal por dia
Para uma pessoa com 80 kg de peso, pode consumir cerca de 800 mg sem afetar a sua saúde; se cada Coca-Cola zero contém cerca de 60 mg por lata, seria prejudicial se bebêssemos mais de 13 latas, ou seja, mais de 4 litros por dia
O seu consumo foi suspenso nos Estados Unidos em 1970 devido a este estudo1 realizado em ratos pelos laboratórios Food and Drug Research, onde se verificou o risco de poder vir a causar cancro. No entanto, uma quantidade significativa de estudos posteriores sobre o ciclamato determinaram que era seguro para o consumo humano.
Acessulfame de potássio (E950)
O acessulfame de potássio, denominado internacionalmente com o código E950, foi descoberto quase por acaso em 1967, e é um edulcorante sintético que adoça cerca de 200 vezes mais do que o açúcar.
O seu consumo diário recomendado é de 15 mg por kg de peso corporal
O que se traduz, no caso de uma pessoa com cerca de 80 kg, em 1’2 g por dia; como cada lata de Coca-Cola Zero tem cerca de 150 mg por 330 mL, seria necessário beber 8 latas para ultrapassar a quantidade admissível, ou seja, mais de 2 litros e meio
Existem poucos estudos realizados sobre a segurança do acessulfame de potássio, por isso nada se pode garantir a 100 %, mas neste estudo3 em ratos, onde foi estudada a potencial relação carcinogénica do consumo de acessulfame de potássio, não se verificaram evidências dessa relação.
Aspartame
Tal como as substâncias anteriores, trata-se de um edulcorante sem calorias que é entre 150 e 200 vezes mais doce que o açúcar. Esta é provavelmente a mais polémica de todas as substâncias que contém esta bebida e vamos explicar o porquê desta fama.
A FDA definiu um consumo diário seguro em 50 mg/kg

Para uma pessoa com 80 kg, o consumo seria de 4 g. de aspartame por dia para ser prejudicial para a saúde, ou seja, mais de 22 latas, uma vez que uma lata de Coca Cola Zero tem 0,18 gramas de aspartame
A sua má fama existe porque, ao ser consumido e hidrolisado, o metanol que é produzido transforma-se em formaldeído, que é considerado cancerígeno. Todavia, este facto é irrelevante uma vez que a quantidade que é produzida deste elemento é menor, por exemplo, que aquela que possuem alguns alimentos saudáveis como a banana ou a cenoura, uma vez que possuem maior quantidade de metanol do que aquela que pode produzir o consumo de aspartame.
Acidificante (E338)
Este aditivo é o designado ácido fosfórico, e é geralmente utilizado para conferir alguma acidez à bebida. Foi sugerido que o seu consumo habitual favorece a erosão do esmalte dentário
Corante preto (E150D)
É simplesmente um corante de cor caramelo, mais especificamente de caramelo de sulfito de amoníaco, apto para o consumo humano. Em 2011 despertou algum receio, uma vez que A Agência Internacional de Pesquisa para o Cancro (IARC), o incluiu como «potencial carcinogénio para os seres humanos».
Corretor de acidez (E331)
A última diferença entre a Coca Cola Zero e a normal é o corretor de acidez (citrato de sódio), que está presente na primeira e não a segunda. O foco de atenção sempre se situou nos edulcorantes, mas para ter a certeza absoluta e afirmar que a Coca Cola Zero não é pior do que a normal, é preciso rever também este aspeto.
Conclusões
Posto isto, as conclusões que podemos retirar sobre os edulcorantes e aditivos que são utilizados na confeção da Coca Cola zero, foram amplamente estudados e considerados seguros, no entanto chegar a conclusões sobre as suas repercussões diretas na saúde humana não é tarefa fácil.
Os poucos estudos que revelam potenciais patologias devido ao seu abuso são sempre empíricas e não envolvem causalidade
É verdade que existem vários mitos que geram controvérsia à volta de alguns aditivos, mas as instituições mais relevantes consideram-os seguros. posto isto, não se deve continuar com este alarme social contra o facto de se beber Coca Cola Zero.
Com isto não quer dizer que se deva beber este produto a torto e a direito, lembra-te que é um produto processado, que devemos consumir o mínimo possível. Devemos sim comsumí-lo esporádicamente e sem abusos desmedidos. Mas, daí a criar um mito que a relaciona a x aditivo com o cancro ou outras doenças, vai uma grande diferença.
Fontes bibliográficas
- Bladder Tumors in Rats Fed Cyclohexylamine or High Doses of a Mixture of Cyclamate and Saccharin. J. M. Price1, C. G. Biava1, B. L. Oser2, E. E. Vogin, J. Steinfeld3 H. L. Ley, Science 20 Feb 1970: Vol. 167, Issue 3921, pp. 1131-1132 DOI: 10.1126/science.167.3921.1131
- Cyclamate, Commissioner’s Decision, 45 FR 61474, September 16, 1980
- NTP toxicology studies of acesulfame potassium in genetically modified mice and carcinogenicity studies of acesulfame potassium in genetically modified [B6.129-Trp53(tm1Brd) (N5) Haploinsufficient] mice (feed studies). Natl Toxicol Program Genet Modif Model Rep. 2005 Oct; (2): 1-113.
- ACESULFAME POTASSIUM, Prepared at the 57th JECFA (2001) and published in FNP 52 Add 9, (2001), superseding specifications prepared at the 46th JECFA (1996) and published in FNP 52 Add 4 (1996). An ADI of 0-15 mg/kg body weight was established at the 37th JECFA (1990).
- Re-evaluation of acesulfame K with reference to the previous SCF opinion of 1991, SCF/CS/ADD/EDUL/194 final, 13 March 2000, Scientific Committee on Food
- FOOD ADDITIVES PERMITTED FOR DIRECT ADDITION TO FOOD FOR HUMAN CONSUMPTION, DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, [Title 21, Volume 3], [Revised as of April 1, 2017], [CITE: 21CFR172.800]
- Scientific Opinion on the re‐evaluation of aspartame (E 951) as a food additive, EFSA Panel on Food Additives and Nutrient Sources added to Food (ANS), Fernando Aguilar, Riccardo Crebelli, Birgit Dusemund, Pierre Galtier, David Gott, Ursula Gundert‐Remy, Jürgen König, Claude Lambré, Jean‐Charles Leblanc, Alicja Mortensen, Pasquale Mosesso, Agneta Oskarsson, Dominique Parent‐Massin, Martin Rose, Ivan Stankovic, Paul Tobback, Ine Waalkens‐Berendsen, Rudolf Antonius Woutersen and Matthew Wright., 10 December 2013
- Aspartame administered in feed, beginning prenatally through life span, induces cancers of the liver and lung in male Swiss mice. Soffritti M1, Belpoggi F, Manservigi M, Tibaldi E, Lauriola M, Falcioni L, Bua L. Am J Ind Med. 2010 Dec; 53 (12): 1197-206. doi: 10.1002/ajim.20896.
- Colas, but not other carbonated beverages, are associated with low bone mineral density in older women: The Framingham Osteoporosis Study, Katherine L Tucker Kyoko Morita Ning Qiao Marian T Hannan L Adrienne Cupples Douglas P Kiel, The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 84, Issue 4, 1 October 2006, Pages 936–942
- EFSA reviews safety of caramel colours, Council Directive 89/107/EEC, 8 March 2011
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