Se já tens bastante experiência no mundo dos suplementos, talvez não seja uma surpresa para ti, mas se ainda não sabes a que se refere o título deste post, convidamos-te a compreender as técnicas fraudulentas que alguns fabricantes utilizam no momento de elaborar os seus produtos.
Índice
- 1. O que é o Amino Spiking?
- 2. Como se aproveitam os Fabricantes?
- 3. Por que motivo se utiliza a técnica do Amino Spiking?
- 4. É legal o Amino Spiking?
- 5. Qual é o Problema do Amino Spiking?
- 6. Taurina, glicina, glutamina, péptidos, creatina… O que fazem no meu batido de proteínas?!
- 7. Como Identificar o Amino Spiking?
- 8. Aprendendo a ler rótulos
- 9. Conclusões
- 10. Fontes
- 11. Entradas Relacionadas
O que é o Amino Spiking?
Ou também conhecido como “Protein Spiking”, trata-se de uma técnica que consiste em agregar (manipular) à fórmula da proteína uma série de aminoácidos de baixo custo para aumentar o valor nitrogenado total.
Ou, por outras palavras: uma maneira de aumentar a quantidade de proteína diminuindo os custos à custa de “enganar o cliente”.
Como se aproveitam os Fabricantes?
A quantidade de proteína é medida em função do conteúdo de nitrogénio.
Tal como a proteína contém aminoácidos, e estes contêm nitrogénio, os testes que são utilizados para comprovar o conteúdo deste nutriente baseiam-se neste princípio.
No entanto, o teste procura medir Proteínas Completas, ou é aquilo que se supõe ao introduzir a amostra.
O resultado? Um valor de proteína por dose que será uma mistura entre os aminoácidos que se encontram presentes na proteína + “aminoácidos baratos”, inclusivamente aminoácidos que não servem para a síntese de proteínas (não proteinogénicos).
Por que motivo se utiliza a técnica do Amino Spiking?
Os mecanismos e procedimentos de obtenção da proteína, passando pelo seu acondicionamento de embalagem, transporte e campanha de marketing, são custos que o fabricante deve assumir.
Por este facto, se se pode reduzir o total do investimento, de forma fraudulenta, como neste caso, vai-se poupar um boa quantidade de dinheiro.
Não há outra justificação.
É legal o Amino Spiking?
A resposta curta é que sim (se este conteúdo de aminoácidos está indicado na etiqueta).
A FDA (Food and Drug Administration) é a responsável desta regulação. E tal como assim parece ser, ao submeter qualquer proteína a uma análise, como Kjeldahl, o qual deteta substâncias nitrogenadas, o resultado será interpretado como proteína.
Deste modo, se na etiqueta encontras que por dose uma proteína indica que fornece 22g, se foi tratada por estas técnicas de falsificação, estarás a ingerir a sua proteína e os aminoácidos extra.
Obviamente que este facto não agrada a ninguém.
Qual é o Problema do Amino Spiking?
Basicamente, podemos falar de uma má praxis por parte da empresa que fabrica os produtos e, em relação ao cliente, um engano.
Infelizmente joga-se com a falta de conhecimento de muitas pessoas, que depositam a sua confiança nestas empresas mas que, no fim de contas, o que menos lhes importa é precisamente o cliente que lhes compra os produtos.
Por outro lado, podemos chegar a pensar que se se adicionam aminoácidos à fórmula, esta vai estar fortalecida. Mas a verdade é que isto não é completamente verdade. O máximo que se consegue, consoante que aminoácido adicionado, é aumentar o conteúdo de nitrogénio sem nenhum outro benefício.
Por último, é de considerar que estes aminoácidos adicionados não são proteogénicos, isto é, não são utilizados diretamente como elementos construtores.
A creatina é um suplemento que ajuda a melhorar o rendimento físico, e o seu fornecimento comparado com serviço que procuras numa proteína, não é o correto.
Se queremos creatina, podemos sempre comprá-la em suplemento e adicioná-la como julguemos pertinente
Taurina, glicina, glutamina, péptidos, creatina… O que fazem no meu batido de proteínas?!
Devido à definição muito pouco específica da FDA (organismo encarregue da regulação de suplementos alimentares na América, entre outras tarefas) do termo “proteína” esta prática é tecnicamente legal se se indica no rótulo.
Além disso, a falta de regulação ao nível europeu também não ajuda muito a esclarecer o assunto.
O concentrado 80% (WPC 80%) e o isolado de soro (WPI) são proteínas que demonstraram ser especialmente eficazes para contribuir para o ganho de massa muscular. No entanto, a glutamina, glicina e taurina simplesmente não são tão eficazes.
Como Identificar o Amino Spiking?
Temos que comprovar o rótulo ou ficha nutricional que nos forneça o fabricante
Neste caso é verdade que, por lei, deve figurar a informação com respeito à composição. E, portanto, se existe “amino spiking”, é facilmente detetável no rótulo.
O que temos que observar no rótulo?
- Como já sabemos, a lista de ingredientes aparece ordenada de maior para menor conteúdo, portanto, se aparecem elementos ao início da descrição, é possível que tenham sido adicionados
- Se entre estes se encontram: creatina, glicina, taurina… quando o que temos é um frasco de proteínas, é outro motivo de peso a considerar se nos interessa este produto.
- Procura Selos de Qualidade. Entre estes podemos citar: Certificação cGMP e Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP).
- Temos que saber que cada sabor produz um desvio no total de proteínas. Geralmente, o sabor a chocolate costuma possuir menos % de proteínas por causa do seu conteúdo em cacau.
- Falta de informação, tal como o aminograma. Muitos fabricantes juntam o perfil de aminoácidos correspondente à matéria-prima, mas não o que verdadeiramente obtemos ao comprar o produto, já que foi processado, adicionado o sabor…
Aprendendo a ler rótulos
As imagens abaixo comparam uma proteína 100% Premium Whey Protein Plus da Muscletech com Evowhey 2.0 da HSN onde se podem ver diferenças na composição devido à adição de ingredientes, a priori desnecessários numa proteína.
O Clean Label (ou seja, torná-lo o mais simples possível) é um factor muito importante e por isso presta muita atenção ao ler o rótulo.
Conclusões
Neste sentido, um bom exemplo de como apresentar a informação seria uma que se incluisse:
- Imagem do produto.
- Selos de certificação em aqueles que os têm (aspeto fundamental).
- Finalidade de utilização do suplemento em questão no desporto.
- Informação nutricional de macronutrientes e micronutrientes por 100 gramas e por dose de consumo aconselhável.
- Sabores disponíveis, tamanho e modo de apresentação do produto.
- Aminograma completo (produtos com proteínas e aminoácidos) e ingredientes adicionais (como por exemplo, edulcorantes o emulsionantes).
Fontes
- Bruno, G. (2014). Do your proteins meet label claims
- European Comission. (2014). Food Supplements
- European Food Safety Comission
- Finete, VL.; Gouvêa, MM.; Marques, FF.; & Netto, AD. (2013). Is it possible to screen for milk or whey protein adulteration with melamine, urea and ammonium sulphate, combining Kjeldahl and classical spectrophotometric methods?. Food chemistry, 141(4), 3649-3655.
- Food and Drug Administration
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Observar rótulo - 100%
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100%