Recentemente, conhecemos um tipo de doença emocional denominada de Síndrome da Cabana como efeito secundário do isolamento social.
Índice
- 1. O que é a Síndrome da Cabana?
- 2. Quais são os sintomas da Síndrome da Cabana?
- 3. Será que é uma doença real?
- 4. O que é que estamos a enfrentar neste momento?
- 5. Fobia específica como consequência da quarentena
- 6. Como é que a podemos enfrentar?
- 7. Alimentação saudável
- 8. O que aprendemos com isto
- 9. Conclusões
- 10. Referências Bibliográficas
- 11. Entradas Relacionadas
O que é a Síndrome da Cabana?
A síndrome da cabana é uma expressão simples que tem vindo a ser utilizada para descrever uma situação psicoemocional de perturbação no momento de abandonar o lugar onde uma pessoa esteve confinada durante um longo período de tempo.
A síndrome da cabana de que falam os meios de comunicação é um “misunderstood term”
Efetivamente, a síndrome da cabana constitui um quadro que foi descrito anteriormente em pessoas que viveram períodos de confinamento com isolamento social (como os reclusos nas prisões) ou inclusive em marinheiros durante as viagens de ultramar.
Muitas pessoas viveram-no durante os últimos dois meses de quarentena e refletiu-se como uma necessidade de sair de casa nas condições pressupostas (ou não) impostas pelo governo que permitiam fazê-lo.
Pessoa que vai passear o cão durante o período de quarentena, uma das atividades permitidas.
Quais são os sintomas da Síndrome da Cabana?
Os sintomas da síndrome da cabana não definidos de forma clara, efetivamente, esta é uma das razões pelas quais não constitui uma condição reconhecida como doença.
Entre os relatos das pessoas que sofreram exposições a agentes causadores de stress e desenvolveram quadros compatíveis com esta síndrome, econtramos sentimentos de:
- Irritabilidade.
- Mau humor.
- Aborrecimento.
- Depressão ou sentimento de insatisfação.
Como podemos ver, uma descrição sintomática vaga de um quadro que combina vários distúrbios emocionais devido ao stress.
Apesar disso, não significa que não seja uma situação real, uma vez que efetivamente a experienciamos.
Será que é uma doença real?
Não.
Pelo menos, até agora não foi reconhecida pelo ICD-11 (International Classification of Diseases 11th Revision) da Organização Mundial de Saúde.
O que é que estamos a enfrentar neste momento?
Neste momento, estamos a enfrentar outro quadro diferente do da síndrome da cabana, e é uma fobia específica à exposição a um ambiente com maior carga viral potencial à nossa casa (que ainda não tem nome).
Não dispomos ainda de informações epidemiológicas, mas sem dúvida que serão publicadas durante os próximos meses, e veremos que é um cenário muito mais comum em pessoas de idade avançada e indivíduos com sintomas de hipocondria e TOC.
Fobia específica como consequência da quarentena
A patologia denominada de “fobia específica”, classificada dentro do grupo 6 dos «distúrbios mentais, de comportamento e de desenvolvimento neurológico” e do subgrupo “distúrbios de ansiedade ou relacionados com o medo”, é oficialmente definida como:
“A fobia específica carateriza-se pela ansiedade ou medo marcados ou excessivos que ocorrem constantemente quando são expostos a um ou vários objetos ou situações específicas (por exemplo, proximidade de certos animais, viagens de avião, alturas, espaços fechados, ver sangue ou ferimentos) e que se encontram desproporcionados relativamente ao perigo real.
O objeto ou a situação causadora da fobia são evitados ou suportados com grande medo ou ansiedade.
Os sintomas duram no mínimo alguns mesese são graves o suficiente para causar mal-estar ou agravamento significativos nas relações pessoais, familiares, sociais, educativas, profissionais ou em outras áreas importantes do funcionamento.”
Como é que a podemos enfrentar?
Tendo em conta que este cenário é “algo novo”, devemos ser cautelosos quando se trata de abordar a situação.
A forma de atuação mais recomendável em situações como esta é a seguinte:
Evitar o confinamento social absoluto em pessoas que vivam sozinhas
Por exemplo, a manutenção do contacto através de videochamada.
Exposição progressiva ao agente causador de stress
- Ir à varanda ou ao terraço.
- Ir à porta.
- Ir à rua sem sair da entrada do edifício.
- Dar uma volta ao bairro/ quarteirão nas horas de menos trânsito.
- Sair progressivamente nas horas de maior fluxo de movimento.
Pedir ajuda
Ao teu filho, à tua irmã, à tua mãe, a um amigo… para te acompanhar para tomar um café sentados num banco, ao cabeleireiro, ao supermercado…
Mais uma vez, uma exposição gradual, de menos para mais.
Pratica exercício físico com frequência
Uma vez que este foi associado a um melhor estado de espírito e emocional de um modo geral (Schuch et al., 2016).
Alimentação saudável
Pratica uma alimentação saudável e equilibrada, uma vez que as dietas com base em preparados para refeições ultraprocessados foram associados a outros distúrbios depressivos (Firth et al., 2019).
“Apesar disso, isto não surpreende, porque embora os objetivos principais das intervenções dietéticas variassem, o conteúdo atual de todas elas geralmente debruçava-se sobre determinados aspetos comuns como reduzir a ingestão de «comida rápida” e substituí-la com alternativas ricas em fibra e densas em nutrientes, bem como com vegetais.”
Ajuda profissional
Se estas recomendações não resultarem, consulta um profissional que possa avaliar o teu estado de saúde psicológico através de um critério de diagnóstico facultativo e indicar um tratamento adequado ao teu caso.
O que aprendemos com isto
A primeira vez que definiram «saúde” no meu grau universitário fiquei surpreendido com a descrição que me foi dada:
“A saúde é um estado de total bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de problemas ou doenças”.
A citação foi retirada do Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial de Saúde, que foi adotada pela Conferência de Saúde Internacional, celebrada em Nova Iorque de 19 de junho a 22 de julho de 1946, assinada a 22 de julho de 1946 pelos representantes de 61 estados (Official Records of the World Health Organization, Nº 2, p. 100), e entrou em vigor a 7 de abril de 1948.
A definição não sofreu alterações desde 1948; conforme refere a Organização Mundial de Saúde no seu website.
Neste momento, afirmo-o sem quaisquer dúvidas.
As relações sociais saudáveis desempenham um papel preponderante na manutenção do bom estado de saúde de uma pessoa, e têm influência sobre o comportamento, variantes psicológicas e fisiológicas.
A influência é tal que um estado de saúde social mau pode afetar negativamente os sistemas orgânicos como o sistema imunitário, o sistema cardiovascular ou o sistema nervoso.
Uma meta análise que incluiu nada mais nada menos do que 148 estudos com uma boa amostra total de mais de 300 000 pesoas de diferentes grupos de população: homens, mulheres, crianças, idosos…
De todas as partes do mundo, indicou que as relações sociais mais fortes (apoio recebido, perceção da solidão e relações e integração social, isolamento…) se corrrelacionavam com um risco de morte muito menor por qualquer causa.
Relação entre os indivíduos na diminuição da mortalidade em várias condições associadas a este efeito.
Conclusões
Por isso, caso não tenhas percebido, parte da tua saúde e da dos teus entes queridos depende do contacto social que tiverem entre vós e com outras pessoas, por isso:
Referências Bibliográficas
- Firth, J., Marx, W., Dash, S., Carney, R., Teasdale, S. B., Solmi, M., … Sarris, J. (2019). The Effects of Dietary Improvement on Symptoms of Depression and Anxiety: A Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials. Psychosomatic Medicine, 81(3), 265–280.
- Holt-Lunstad, J., Smith, T. B., & Layton, J. B. (2010). Social relationships and mortality risk: A meta-analytic review. PLoS Medicine, 7(7), e1000316.
- Rosenblatt, P. C., Anderson, R. M., & Johnson, P. A. (1984). The meaning of “cabin fever”. Journal of Social Psychology, 123(1), 43–53.
- Schuch, F. B., Vancampfort, D., Richards, J., Rosenbaum, S., Ward, P. B., & Stubbs, B. (2016). Exercise as a treatment for depression: A meta-analysis adjusting for publication bias. Journal of Psychiatric Research, 77, 42–51.
- Umberson, D., & Karas Montez, J. (2010). Social Relationships and Health: A Flashpoint for Health Policy. Journal of Health and Social Behavior, 51(1_suppl), S54–S66.
- World Health Organization. (2018). Clasificación Internacional de Enfermedades, (11ª revisión).
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