Já te fizeste a perguntar o que é ser forte? Então lê este post onde vamos contar os pontos chave que deves saber para entender.
Índice
Definição de Força
A força se define basicamente como a capacidade de aplicar uma carga (Bompa, 1993).
Embora, uma conceptualização mais precisa da “força”, que abrange os seus aspectos tanto físicos como psíquicos, apresenta, ao contrario que a sua determinação física (mecânica), dificuldades consideráveis devido a extraordinária variedade existente em quanto a dos tipos de força, de trabalho e de contração muscular, e os múltiplos factores que influem neste complexo (Weineck, 2005).
Força Geral e Específica
Em relação as suas distinções, podemos matizar a existência da Força Geral, a qual é a força de todos os grupos musculares, com independência da modalidade desportiva practicada.
E Força Específica, manifestação típica de uma modalidade determinada (Weineck, 2005).
Manifestações de Força
Todas as manifestações de força são o resultado de uma determinada aplicação de força de acordo coma determina carga.
A força aplicada é a interacção entre a força externa que supõem a carga a mobilizar (já seja o peso corporal outro tipo de sobrecarga) e a força interna que geram os músculos esqueléticos (Balsalobre-Fernández e Jiménez-Reyes, 2014).
Manifestação Activa
Na tensão gerada por um músculo, por ação de uma contração muscular voluntária (García, 2014).
- 1º Força Máxima: expressa a máxima força que o sistema neuromuscular é capaz de exercer em contracção máxima voluntária. Esta pode ser manifestada de forma estática ou dinâmica e expressada como força relativa ou absoluta.
- 2º Força Explosiva: é a capacidade do sistema neuromuscular de vencer uma resistência a mais velocidade da contração possível.
- 3º Força-Resistência: é a capacidade de manter uma força a um nível constante durante o tempo que dura uma actividade desportiva.
Manifestação Reactiva
É a capacidade de força que realiza um músculo como reacção a uma força externa que modifica ou altera a sua própria estructura.
Se caracteriza por produzir após um ciclo de alongamento-acortamento ou CEA:
- Força Elástico-Explosiva (CEA Lento): se produz quando durante a ação de freio estica-se fortemente a musculatura agonista do movimento, actuando como molas elásticas que transferem a energia acumulada na fase positiva do movimento.
- Força Reflexo-Elástico-Explosiva (CEA Rápido): acontece quando o alongamento prévio a contracção muscular é de amplitude limitada e a sua velocidade de execução é muito elevada.
Fatores que Influem na Produção da Força
A capacidade para produzir força ou tensão depende de 8 factores (García, 2014; Weineck, 2005; Bompa, 1993; PowerExplosive, 2016):
Factor Estructural
Área de Sesão Transversal
Factor determinante para a força muscular.
Adaptação Anatómica
Faz referência ao treino orientado ao fortalecimento dos tendões e ligamentos a través do cumprimento de 4 leis básicas (Flexibilidade, União ao Músculo-Tendão, Core e Estabilizadores).
Tipologia e Disposição de Fibras Musculares
Existem vários tipos de fibra muscular (ST, FT IIA e FT IIX), e dependendo da maior predominância intrínseca de um tipo ou outro, a pode variar a capacidade de gerar força.
A disposição longitudinal (fusiforme) ou obliqua (penniforme) das fibras musculares muda a capacidade de gerar a força.
Desde o ponto de vista prático:
- Fibras obliquas ou peniformes mostram mais fortes em igualdade de volume muscular.
- As fibras longitudinais ou fusiformes são algo mais rápidas.
- Fibras ST apresentam um menor diâmetro e elevada capacidade oxidativa.
- As fibras FT apresentam um maior diâmetro e alta capacidade glucolítica.
Factor Neuromuscular
Quais, quantas e a que ritmo são reclutadas as fibras musculares pelo sistema nervoso.
Coordenação Intra-muscular
Representam a sincronização e o recrutamento de unidade motoras.
Coordenação Inter-muscular
Capacidade de interacção coordenada entre os músculos que intervém em uma ação e/ou agonistas e antagonistas.
Reflexos de Alongamento
Fenómenos de tipo neural que permitem ao músculo desenvolver uma maior quantidade de tensão (Reflexo Miotático).
Mecanismos Inibitórios
Se trata de um meio de segurança e proteção da união músculo-tendinosa.
Esta mesma, envia informação ao sistema nervoso central sobre os níveis de força (Reflexo Miotático Inverso).
Factor Energético
O desenvolvimento da força da máxima é desempenhado pelos fosfatos ricos em energia (ATP, PC), pois o momento do desenvolvimento da força máxima tem lugar em frações de segundo ou em uns poucos segundos.
Factor Mecanico
Longitude Muscular
A tensão que é capaz de gerar um músculo depende da longitude que tem o momento da sua activação.
Elasticidade Muscular
Quando se estica um sistema músculo-tendinoso activado, este se resiste na modificação da sua longitude, más se a força é o suficientemente grande, chega um momento em que se deforma acumulando a força elástica no seu interior.
Velocidade de Contração
A mais velocidade de contração muscular, menos força poderemos aplicar a resistência.
Esta teoria esta reflectida na curva força-velocidade, a qual pode ser modificada com o treino.
Alavancas
A força gerada pelas alavancas pode ser diferente de acordo com as características de cada individuo (proporções e inserções musculares).
Factor Sexual
As diferencias hormonais (sobre tudo de testosterona e estrogénios) entre os diferentes sexos que favorece aos homens pois mostram maior massa muscular e força.
Fator Psicológico
A motivação, a atenção, a concentração, a vontade, o espírito de sacrifício, o medo, etc são factores que afectam a descarga de impulsos nervosos e o recrutamento de unidades motoras.
Os âmbitos dos rendimentos automatizados (até de um 15 %) e da disponibilidade fisiológica para o rendimento (15-35 %) exigem esforços escassos ou medianos de vontade.
A mobilização das reservas de uso habituais (35-65 %) necessita esforços consideráveis de vontade e esta unido com um fadiga relativamente intensa.
Fator Ambiental
Existem variações ao longo do dia da capacidade de rendimento.
A evolução desta curva do ritmo diário é o resultado do comportamento de todas as funções corporais.
Fator Nutricional
A optimização do processo do treino-competição dependerá claramente da consecução e estabilização de um processo de superávit energético.
Interferências na Força
“A combinação do treino de força e a resistência na mesma sessão (intra-sessão), no mesmo dia (inter-sessão), ou incluso, e, dias alternos (intra-microciclo), se conhece como treino concorrente”
(Peña, Heredia, Aguilera, Da Silva & Del Rosso, 2016).
Docherty e Sporer (2000) propuseram um modelo teórico (figura 1) para analisar o fenómeno da interferência entre o treino da resistência e a força.
Ao mesmo tempo, se obteve uma ferramenta válida para a consecução de objetivos de orientação periférica e central.
Figura 1. Modelo de treino concorrente (Docherty e Sporer, 2000).
Embora, durante o foco do treino concorrente podemos esperar adaptações compatíveis que produzam uma menor interferência, e assim alternar treinos (Peña et al. 2016):
Compatibilidade | Treino de Resistência | Treino de Força | Interferência |
Máxima | Intensidade moderada-baixa (umbral aeróbico) | Orientação neuronal (sem stress metabólico) | Nula |
Intermédia | Intensidade moderada-baixa (umbral aeróbico) | Orientação estructural (importante stress metabólico) | Baixa |
Intermédia | Intensidade perto da potencia aeróbica máxima | Orientação neuronal (sem stress metabólico) | Baixa |
Perfil Força-Velocidade
“É a valoração da manifestação da força mediante o pico de força conseguido e o tempo necessário para chegar numa ação dinâmica.”
(González-Badillo e Ribas-Serna, 2002).
A correcta determinação do perfil força-velocidade proporcionará dois tipos de perfis (figura 2) ou patrões (Morín e Samozino, 2016):
Perfil Vertical
Proporcionam informação sobre as capacidades físicas que se devem desenvolver para melhorar o rendimento balístico de impulso e sobre os níveis máximos de força e velocidade do sistema neuromuscular do atleta.
Perfil Horizontal
Proporcionam informação sobre o movimento de aceleração de sprint específico e sobre que características físicas ou técnicas subjacentes limitam principalmente o rendimento de sprint de cada individuo.
Figura 2. Árvore de decisão para interpretar o perfil força-potência-velocidade (Morín e Samozino, 2016).
A maximização da produção de força é definida por:
- a correta determinação do perfil força-velocidade; e
- da optimização das variáveis que formam-o.
Esta metodologia é eficaz para aumentar a capacidade de produção de energia (Cross et al. 2017).
Suposto Básicos na Programação da Força
Os suposto básico do processo de adaptação e do treino aplicável a pratica desportiva (González-Badillo e Ribas-Serna, 2002) são uma série de elementos essenciais durante o treino desportivo.
Potencial de Adaptação Genético (PAG) | São as possibilidades do sujeito em um desporto concreto ou no desenvolvimento de uma capacidade física. |
Capacidade de Rendimento Máximo (CRM) | É o melhor resultado ou marca conseguidos pelo o sujeito (1RM). |
Capacidade de Rendimento Actual (CRA) | É a percentagem da CRM conseguido em um momento concreto do dia. |
Deficit de Adaptação (DA) | É a deferência entre a CRM e o PAG, também denominado “Reserva Total de Adaptação”. |
Exigência do Treino (EE) | Faz referencia ao grau carga ou esforço que significa um treino com respeito a CRA. |
Reserva de Rendimento Actual (RRA) | É a percentagem da CRA que não é utilizado numa sessão de treino. |
Reserva de Adaptação Imediata (RAI) | Se entende como a margem de melhora da adaptação ou a possibilidade de progressão que tem um desportista em um ciclo de treino. |
Fontes Bibliográficas
- Bompa, T. O. (1995). Periodización de la Fuerza. Argentina: Biosystem Servicio Educativo.
- Weineck, J. (2005). Entrenamiento Total. Barcelona, España: Paidotribo.
- Balsalobre-Fernández, C. y Jiménez-Reyes, P. (2014). Entrenamiento de Fuerza: nuevas perspectivas metodológicas.
- García, O. (2014). Fundamentos y Métodos del Entrenamiento de la Fuerza. (Universidad de Vigo). Facultad de Ciencias de la Educación y del Deporte.
- PowerExplosive (2016). Factores que determinan la fuerza. PowerExplosive.
- Peña, G., Heredia, J. R., Aguilera, J., Da Silva, M. E. & Del Rosso, S. (2016). Entrenamiento Concurrente de Fuerza y Resistencia: una Revisión Narrativa-Instituto Internacional de Ciencias del Ejercicio Físico y Salud. International Journal of Physical Exercise and Health Science for Trainers, 1(1).
- Docherty, D. & Sporer, B. (2000). A Proposed Model for Examining the Interference Phenomenon between Concurrent Aerobic and Strength Training. Sports Medicine, 30(6), 385-394.
- González-Badillo, J. J. y Ribas-Serna, J. (2002). Bases de la Programación del Entrenamiento de Fuerza. INDE: Barcelona.
- Cross, M. R., Brughelli, M., Samozino, P., & Morin, J. B. (2017). Methods of power-force-velocity profiling during sprint running: A narrative review. Sports Medicine, 47(7), 1255-1269.
- Morin, J. B., & Samozino, P. (2016). Interpreting power-force-velocity profiles for individualized and specific training. International Journal of Sports Physiology and Performance, 11(2), 267-272.
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