Hoje falaremos do uso dos biomarcadores para desportistas. Um sistema para monitorar em casa o controle do desportista.
Índice
- 1 O que são os Biomarcadores?
- 2 Biomarcadores em desportistas
- 3 É importante que um desportista tenha o controle dos seus biomarcadores?
- 4 Peso corporal
- 5 Temperatura corporal
- 6 Pressão arterial
- 7 Glicemia
- 8 Monitorar o sono
- 9 Mais tipos de Biomarcadores
- 10 Conclusões
- 11 Fontes Bibliográficas
- 12 Entradas Relacionadas
O que são os Biomarcadores?
Um biomarcador é um reflexo de algum aspecto do organismo que somos capazes de medir a través do uso de diferentes ferramentas.
Os biomarcadores são importantes porque sua medição é uma forma de conhecer como se encontra o nosso estado de saúde, como nos estamos recuperando.
Em definitiva… o que está acontecer no nosso organismo.
Biomarcadores em desportistas
É usual encontrar alterações nos biomarcadores séricos em atletas.
Embora a maioria dos médicos não estão de acordo com isto, dentro de certo intervalo é um pouco normal, já que um desportista que possui um metabolismo mais activo (metabolismo compreendido como o conjunto de reacções redox que ocorrem no organismo).
O fruto de isso é que experimentam certas adaptações nas concentrações de resíduos musculares, a expressão de enzimas, o volume de certos parâmetros hematológicos, que são retirado fora do “intervalo de normalidade”.
Figura I. Distribuição da campanha de Gauss, onde a maioria da população está no centro e os desportistas saem dessa “normalidade” já que as duas demandas metabólicas não são “normais”.
É importante que um desportista tenha o controle dos seus biomarcadores?
Sim, devido que são um estrato da população sensível de sofrer alterações serias na saúde, precisamente devidos as grandes demandas energéticas aos que submetem com exercício físico.
Não é estranho encontrar a desportistas com anemia, com deficiências subclínicas de vitaminas e minerais, com insuficiência renal crónica em estados iniciais com alterações estruturais e funcionais do coração…
Uma grande quantidade de cenários que afectam o seu rendimento e a saúde (Kreher y Schwartz, 2012), e que podem ser evitados a través de uma correta monitorização do desportista.
O controle do estado de um desportista não é algo para um centro de saúde, a disponibilidade de aparelhos caros e a formação para o manuseo.
Neste artigo vou falar como podem ser utilizados e para que servem!
Peso corporal
O peso corporal é um biomarcador que todos controlamos…
Como que é um biomarcador? Não expressa a informação do que ocorre no teu organismo?
Claro que sim! 😊
As mudanças no peso e na composição corporal são uma forma muito eficaz de controlar os efeitos do treino que estamos realizando na nossa estrutura… Se não crescem os teus parâmetros com o a mesma percepção de gordura, simples não estas ganhando massa muscular.
Neste caso vou falar da influencia do peso no estado de saúde do desportista:
Perda de peso rápida
- Em menos de um mês, sem querer, pode significar a presença de uma doença de gravidade aguda (linha vermelha continua);
- Uma perda de peso mais regular em um período de tempo em torno de 6 meses sem querer, pode significar uma doenças de gravidade crónica (linha azul descontinua longa).
Figura II. Percentagem de perda de massa magra de acordo com diferentes situações. Jensen et al. (2010).
Perda de peso por desidratação
Uma perda do 2% (ou mais) do peso corporal entre um dia e o seguinte pode indicar um estado de desidratação.
Seria boa ideia que certificaras de repor o líquido perdido a través da ingesta de água e sódio, já que uma desidratação do 7% pode chegar a produzir a morte, mais não precisa preocupar, que quando a osmolalidade do meio interno sobe, se produz a vontade de beber água, sede rapidamente, e isso acontece muito antes desse 7%.
Ganho de peso
Realmente é muito drástico de um dia para o outro (não existem termino médio, más a minha experiência prática com desportistas, >3,5% do peso corporal) pode significar um consumo excessivo de sal no dia prévio e uma maior retenção de água para manter a osmolalidade plasmática;
O um excessivo dano muscular que produz a morte celular e edema intersticial: ganho de peso porque acumula uma quantidade de água inusual em torno as tuas células musculares como mecanismo de proteção após o excesso de treino.
Figura III. Imagem por ressonância magnética onde se observa edema (seta) no músculo semimembranoso depois de correr uma maratona (McMahon et al., 2010).
Temperatura corporal
A temperatura corporal está controlada por um (extremamente entrelaçado) complexo de sistemas que nos mantém em equilibro.
Figura IV. Representação gráfica da curva de regulação da temperatura corporal em função da temperatura ambiental.
O principal mecanismo de controle da temperatura corporal é a regulação do metabolismo basal a través da glândula tiroides e da glândula suprarrenal, os sistemas tiroideo e nervoso simpático, respectivamente.
Diminuição da temperatura corporal
Se realiza sempre em condições estáveis (localização, hora do dia, estado de descanso, lugar de medição, etc.) indica uma diminuição da taxa metabólica basal, normalmente por alterações no metabolismo tiroideo a causa de:
- Baixa disponibilidade energética por: Redução na ingesta calórica ou Baixo percentagem de gordura corporal.
- Sobre-treino.
- Outras causas patológicas.
Más realmente é que a taxa metabólica basal reduzida diminui o rendimento desportivo, e tão só 1ºC de diferencia se correlaciona com uma diminuição de um 10-13% da taxa metabólica (que equivale a 100-130kcal/dia de gasto menos, aproximadamente).
Pressão arterial
A pressão arterial é a força que o sangue exerce contra as paredes do sistema dos vasos sanguíneos, e se mede com um tensiómetro.
Um aumento da pressão arterial pontual não é alarmante, já que mudanças na quantidade do plasma que circula pelo nosso sistema sanguíneo podem provocar a alteração desta.
Embora, um aumento da pressão arterial de forma crónica que chega a 130/80mmHg e não se corrige em um período de 1 semana, requer atenção já que indica alterações no sistema autónomo simpático por excesso de treino.
Figura V. Critérios diagnósticos das classificações de pressão sanguínea. (Whelton et al., 2018).
Se os valores não se corrigem depois de diminuir a carga de treino se requer uma atenção médica para descartar alterações renais ou transtornos suprarrenais.
Isso não quer dizer que um excesso de carga de treino não possa propiciar um episódio hipertensivo pontual que se corrige como indiquei deixando que o nosso organismo se recupere.
Glicemia
A glicemia é a concentração de glicose no sangue, se mede a través de uma picado no dedo e o análise com um glicosímetro.
Figura VI. Processo para a determinação da glicemia no sangue capilar. (González-Hernández, 2010).
A glicemia se mantém em equilibro e não sofre de alterações drásticas ao longo do dia si não padecemos alterações metabólicas.
Medidor continuo
Podem ser utilizados os medidores de glicose contínuos, que são uma ferramenta através da inserção de um adesivo com um sensor de glicose (agulha de mínima grossura) baixo da epiderme que nos permite controlar as nossas concentrações de glicose de forma continua ao estar recebendo sempre informação e seguir a traves do nosso telemóvel ou smartwatch.
É um sistema aprovado para o uso clínico, sempre que o lugar de colocação seja no abdómen (NÃO no braço) e seja colocado durante menos de 7 dias.
Figura VII. CGM no seu APP do telemóvel.
Actualmente se comercializa a sexta geração de CGMs que até agora é a que da melhor dados.
Monitorar o sono
Um excesso de treino, uma grande privação energética ou outros comportamentos geralmente associados a desportistas (como o consumo de grandes quantidades de estimulantes) podem fazer que demores mais em adormecer, dormes menos, e/ou dormes de forma mais superficial.
Um estudo do sono realizado a traves de uma polisomnografía.
Figura VIII. Representação simulada da polisomnografía hospitalaria.
No obstante, contamos com certos aparelhos acessíveis que nos permitem obter uma certa informação que pode ser mais ou menos válida, más se o sistema é fiável, nos da uma referência para saber se descansamos melhor ou pior.
Figura IX. Interface diagnóstico do sono com Xiaomi Meu Band 4.
Eu, prefiro o ŌURA ring, um anel que regista a nossa actividade do sono noturno e nos da a informação a traves de um hipnograma bastante exacto se comparamos com o gold-standard: o polisomnografo (embora não é capaz de diferenciar fases e engloba no sono ligeiro/profundo/REM).
Figura X. Hipnograma comparativo entre Oura e um polisomnografo. (De Zambotti et al., 2019).
O anel mais barato custa 300 euros. Embora, si estas interessado neste sistema é uma boa opcção sempre que se utilize num dedo que não seja a anular, pois falha significativamente.
Figura XI. Modelos de Oura disponíveis. Recuperado de: https://ouraring.com/choose-your-ring/
Mais tipos de Biomarcadores
Outros métodos de controle, como:
- Um pulsioxímetro (que em geral carece de interesse se não estas treinando em altura, sofres EPOC ou dano microvascular);
- Um cetómetro (que pode ter o certo interesse em desportistas que realizam dietas cetogénicas ou em pacientes diabéticos tipo I), e
- O HRV que já falei aqui.
Conclusões
Embora, não gostaria de acabar o artigo sem lembrar que o poder da nossa percepção, já falei disso no artigo de HRV, más:
Figura X. Escala de Recuperação Percibida (Laurent et al., 2011).
Utiliza pelas manhãs uma PRSS (Escala do Estatus de Recuperação Percibida) para saber como estás e que deverias fazer:
Valor | Ajuste |
0-2 | Diminui a carga do treino |
3-6 | Mantém a carga do treino |
7-10 | Podes seguir progressando |
Fontes Bibliográficas
- de Zambotti, M., Rosas, L., Colrain, I. M., & Baker, F. C. (2019). The Sleep of the Ring: Comparison of the ŌURA Sleep Tracker Against Polysomnography. Behavioral Sleep Medicine, 17(2), 124–136.
- González-Hernández, 2010. Principios de Bioquímica clínica y patología molecular. 1ed Editorial Elsevier
- Jensen, G. L., Mirtallo, J., Compher, C., Dhaliwal, R., Forbes, A., Figueredo Grijalba, R., … Waitzberg, D. (2010). Adult starvation and disease-related malnutrition: A proposal for etiology-based diagnosis in the clinical practice setting from the international consensus guideline committee. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, 34(2), 156–159.
- Kreher, J. B., & Schwartz, J. B. (2012). Overtraining Syndrome: A Practical Guide. Sports Health, 4(2), 128–138.
- Landsberg, L., Young, J. B., Leonard, W. R., Linsenmeier, R. A., & Turek, F. W. (2009). Do the obese have lower body temperatures? A new look at a forgotten variable in energy balance. Transactions of the American Clinical and Climatological Association, 120, 287–295.
- Laurent, C. M., Green, J. M., Bishop, P. A., Sjökvist, J., Schumacker, R. E., Richardson, M. T., & Curtner-Smith, M. (2011). A practical approach to monitoring recovery: Development of a perceived recovery status scale. Journal of Strength and Conditioning Research, 25(3), 620–628.
- Liska, D., Mah, E., Brisbois, T., Barrios, P. L., Baker, L. B., & Spriet, L. L. (2019). Narrative review of hydration and selected health outcomes in the general population. Nutrients, 11(1).
- McMahon, C. J., Wu, J. S., & Eisenberg, R. L. (2010). Muscle edema. American Journal of Roentgenology, 194(4), W284–W292.
- Of, S., & Carediabetes, M. (2018). Updates to the Standards of Medical Care in Diabetes-2018. Diabetes Care, 41(9), 2045–2047.
- Ortega, F. B., Sui, X., Lavie, C. J., & Blair, S. N. (2016). Body Mass Index, the Most Widely Used but Also Widely Criticized Index Would a Criterion Standard Measure of Total Body Fat Be a Better Predictor of Cardiovascular Disease Mortality? Mayo Clinic Proceedings, 91(4), 443–455.
- Whelton, P. K., Carey, R. M., Aronow, W. S., Casey, D. E., Collins, K. J., Himmelfarb, C. D., … Wright, J. T. (2018). 2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ ASPC/NMA/PCNA guideline for the prevention, detection, evaluation, and management of high blood pressure in adults: Executive summary: A report of the American college of cardiology/American Heart Association task force on clinical practice guidelines. Hypertension, 71(6), 1269–1324.
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