É provável que nos últimos anos tenhas ouvido falar sobre o termo “Diástase Abdominal”.
Também é provável que identifiques este termo, que faz referência a uma patologia, como um problema que sucede unicamente às mulheres que alguma vez estiveram grávidas.
Nada mais longe da realidade.
São muitos os homens que treinam com peso livre e que sofrem deste problema.
Índice
- 1 O que é a Diástase Abdominal?
- 2 Quais são as funções do Reto Abdominal?
- 3 Quais são os efeitos que provoca a Diástase Abdominal?
- 4 A Pressão Intra-Abdominal
- 5 Causas da Diástase Abdominal
- 6 Como corrigir a Diástase Abdominal?
- 7 Como saber se se padece de Diástase Abdominal?
- 8 Como prevenir a Diástase Abdominal?
- 9 Conclusões
- 10 Referencias Bibliográficas
- 11 Entradas Relacionadas
O que é a Diástase Abdominal?
Trata-se de uma separação dos músculos do reto do abdómen; um aumento da distância dos ventres musculares do reto abdominal.
O reto do abdómen é composto na sua maioria por fibras musculares tipo I ( tónicas) em 65% e 35% por fibras fásicas.
Este facto provoca:
- Interrupção do mecanismo de transmissão da tensão fascial do músculo.
- Impede o suporte intersegmental e intrapélvico através da tensão fascial que gera.
Abdómen normal VS Abdómen com Díastase.
Quais são as funções do Reto Abdominal?
Entre as funções principais dos retos do abdómen encontram-se:
- Flexão do Tronco
- Descanso das Costas
- Proteção Visceral
Juntamente com o resto da musculatura e tecido conjuntivo da zona média: transverso profundo, oblíquos, psoas ilíaco, solo pélvico, quadrado lombar, diagrama, forma a zona média (mais conhecido como core):
Além disso, formam o centro da cadeia cinética funcional.
Atuam, pois, como uma unidade funcional: qualquer problema em alguma das suas partes, afetará directa e/ou indiretamente o funcionamento desta unidade.
Quais são os efeitos que provoca a Diástase Abdominal?
O facto de que exista uma separação dos retos do abdómen, diminuindo a tensão da linha alba, gera diferentes disfunções que afetam diretamente a saúde do indivíduo.
Existem diferentes tipos de Diástase Abdominal: por cima do umbigo, infraumbilical, completa ou em redor do umbigo…
Este assunto deverá ser avaliado por um especialista.
Deste modo, de acordo com o grau de separação entre retos e a qualidade da musculatura, deve ser abordado de um modo ou outro a sua recuperação e o programa de exercícios específicos.
A Pressão Intra-Abdominal
Pressão em Repouso
É produzida pela massa visceral e também pela tensão da postura dos músculos parietais. A pressão média em repouso em posição de deitado de barriga para cima é de 10 mmHg.
Pressão Durante o Esforço
Vai depender de:
- Da resistência das vias respiratórias;
- Do tipo de respiração;
- Da sinergia existente entre o diafragma, abdómen e solo ou pavimento pélvico e do tipo de esforço.
Isto é, a qualquer aumento da Pressão Intra-abdominal, há uma relação com toda a musculatura profunda.
Causas da Diástase Abdominal
Por isso mesmo, podemos deduzir que é por uma falta de controlo motor.
- Perda de funcionalidade da musculatura do solo/pavimento pélvico.
- Um padrão respiratório incorreto.
- Deficiente postura corporal.
- Também determinadas alterações hormonais que enfraquecem o tecido conectivo podem provocar esta separação de retos do abdómen.
- Intervenções cirúrgicas na zona do abdómen.
- Peso e volume abdominal (é muito frequente a diástase abdominal em homens com a conhecida “Barriga de Cerveja”).
- Grandes esforços nos treinos sem uma boa gestão do referido controlo de pressões.
Gravidez e Diástase Abdominal
A gravidez encontra-se entre as causas mais comuns, uma vez que durante o estado de gestação o músculo do reto abdominal é expandido para fora e se destende.
Ao mesmo tempo que a linha alba diminui a sua espessura e enfraquece.
No caso da gravidez e pós-parto, existe uma prevalência de diástase abdominal de 27 % no segundo trimestre; e aumenta para 66 % no terceiro, persistindo até quase 12 meses depois do parto.
Variação da Diástase durante a gravidez.
Como corrigir a Diástase Abdominal?
Toda essa unidade funcional da que falámos anteriormente, deve funcionar de forma perfeita.
Isso não depende exclusivamente da integridade anatómica de cada uma das suas partes, mas sim da correta coordenação funcional entre elas.
Como saber se se padece de Diástase Abdominal?
O primeiro ponto que se deve ter em consideração é que deve um profissional fisioterapeuta, em trabalho conjunto com o treinador, quem valorize a existência de possíveis disfunções em padrões respiratórios.
Além disso, deve analizar-se o historial clínico do indivíduo (em caso de ser mulher, saber quantas vezes esteve grávida); avaliar também a higiene postural, etc…
Em várias ocasiões, se a distância entre retos é muito elevada ( > 3 cm), é perfeitamente visível.
Na maioria dos casos, podemos experimentar com a auto-apalpação desde uma posição em decúbito supino (deitados de barriga para cima). O especialista coloca um par de dedos na linha alba e realiza um levantamento da cabeça.
Aqui vai ter-se em conta:
- Distância entre retos.
- Profundidade (distorsão da linha alba).
Em relação à distância entre retos:
- Uma separação inferior a 2,5 cm (aproximadamente a largura de um dedo), é considerado normal.
- Acima de 3,5-5 cm já se considera de moderada a severa.
No que diz respeito à profundidade, se se produz um afundamento do dedo superior à zona da unha, já se considera de moderada a severa.
Em qualquer dos casos, o recomendável é recorrer à ajuda de um profissional e fazer uma avaliação completa.
Como prevenir a Diástase Abdominal?
Uma avaliação tanto do fisioterapeuta especializado como do treinador,com a finalidade de orientar o programa de treino e exercícios para reforçar o que apresente alguma debilidade.
No Início
- Trabalho isolado do padrão respiratório.
- Controlo da postura corporal.
- Ativação do transverso, tanto em estado basal como integrado com certos exercícios.
Ativação do Transverso
Melhora a integridade da linha alba, aumentando a sua tensão fascial, o qual se traduz numa melhor transferência das cargas.
- Procurar a ativação do transverso: trabalho analítico, de postura, estabilização, hipopressivos se for o caso.
- Procurar e integrar o trabalho no resto da componente da faixa abdominal com ativação prévia do transverso: controlo motor.
Conclusões
Em face do supra exposto, e tendo presente os muitos corpos fitness aparentemente saudáveis com um abdómen muito marcado, mas que todavia apresentam separação de retos, é importante trabalhar desde o mais básico:
- Postura;
- Respiração e controlo de pressões;
- Solo/pavimento pélvico.
Referencias Bibliográficas
- Caufriez M , Domínguez JF, Ballester SE, Schulmann C. Estudio del Tono de Base del tejido músculo-conjuntivo del suelo pélvico en el postparto tras reeducación abdominal clásica. Fisioterapia 2007;29 (3):133-138.
- Lee D, Hodges PW. Behaviour of the Linea Alba During a Curl up task inn Diastasis Retus Abdominins: An Observatory Study, 2016.
- Mens J, Van Dijke GH, Pool-Goudwaraard A, Van der Hulst V, Stam H. Possible Harmful effects of intra- abdominal pressure on the pelvic girdle. J Biomech 2006:39 (4): 627-35.
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