A Arginina é um aminoácido não essencial, ou seja, sintetizável pelo nosso corpo, que encontra-se formando parte de muitas das proteínas que encontramos nos alimentos que consumimos a diário. Para valorar sua importância, devemos conhecer o mecanismo pelo qual se converte em óxido nítrico, e assim ver qual é o seu papel relacionado com a hipertrofia muscular
Índice
- 1. Por que os desportistas tomam o aminoácido L-Arginina?
- 2. Como se converte a L-Arginina em Óxido Nítrico
- 3. O que é o Óxido Nítrico?
- 4. Propriedades do Óxido Nítrico
- 5. Contras do Óxido Nítrico
- 6. Suplementação com L-arginina para uma maior quantidade de óxido nítrico
- 7. Fontes de Arginina
- 8. Conclusão
- 9. Fontes
- 10. Artigos Relacionadas
Por que os desportistas tomam o aminoácido L-Arginina?
Em geral, os desportista profissional ou amateur, buscam conseguir uma maior eficiência muscular e uma melhor vascularização, com uma dobre finalidade:
- Garantir o aporte de nutrientes e oxigénio ao músculo, e
- Melhorar a eliminação do ácido láctico, o principal causante da fatiga muscular.
Ao tratar-se de metas desejadas tanto por desportistas, cujo objetivo é a hipertrofia muscular, como por aqueles que centram-se na velocidade ou na força.
Como se converte a L-Arginina em Óxido Nítrico
- Uma vez que é absorvido pelo aparelho digestivo, este aminoácido recorre o sangue até os tecidos ou órgãos que requerem da sua função neste momento.
- Uma vez introduzido dentro da célula, por ação de uma enzima citoplasmática óxido nítrico sintasa (NO Sintasa), a L-arginina da lugar ao óxido nítrico e a outra molécula, a L-citrulina.
O que é o Óxido Nítrico?
O óxido nítrico é um radical livre que, em vez de actuar como um oxidante e danificar as células, atúa como um protetor das mesmas. No entanto não armazena no corpo, mas sim cria-se quando este o necessita, razão pelo qual a suplementação com L-arginina deveria ser feita como mínimo diariamente.
Para sua produção exige-se situações originadas por estímulos fortes e com muito stress a nível metabólico (muito frio, exercício intenso, etc.), se queremos aumentar de forma segura sua concentração, devemos realizar exercício de alta intensidade (HIIT), já que não esta suficientemente demonstrado que o exercício moderado incida também em um aumento nos seus níveis no sangue.
Propriedades do Óxido Nítrico
Primeiramente devemos valorar as propriedades positivas que nos podem proporcionar o óxido nítrico a nível de todo o organismo, as actualmente conhecidas são
- Anti-bacterial, ajuda a combater organismos infecciosos, especialmente de origem bacteriano.
- É anti-inflamatório, já que inibe parte das moléculas pro-inflamatórias.
- Contribui na luta contra as células cancerígenas.
- Regula a vasodilação do sistema circulatório, característica substancialmente beneficiosa para pessoas com hipertensão e/ou problemas cardíacos. Pode atuar como anticoagulante, evitando, assim, os trombos que causam os ataques de coração, e a sua presencia na corrente circulatório faz que o endotelio dos vasos sanguíneos relaxe, e aumente o seu diâmetro.
- Aumenta a irrigação do sistema nervoso e atúa como um neurotransmissor a nível cerebral, potenciando a memoria a longo prazo.
- Promove a angiogénesis, ou, em outras palavras, a criação de novos vasos sanguíneos que aportaram mais nutrientes e oxigénio aos músculos, o que faz que seja mais rápida a eliminação do lactato, melhorando o rendimento.
- Ajuda a regeneração muscular ao fazer que a recuperação depois de um treino forte seja mais rápida, já que é um potente estimulador da divisão celular, e promove, desta forma, a hipertrofia muscular. O óxido nítrico estimula as células satélite do músculo, ou seja, as encarregues de dividir-se, dando lugar a mais células musculares.
- Protege a integridade das fibras musculares durante o exercício, em especial em aqueles movimentos que implicam uma contração excéntrica do músculo. Isto pode observar muito claramente em um estudo realizado com ratos onde se fizeram 4 grupos, um grupo Control (C) que esteve em repouso, e três grupos aos que faziam correr numa esteira com uma pendente para baixo, para simular o exercício excéntrico. Dentro destes três últimos grupos, um grupo no tomava nada (R), outro L-arginina (RA), e outro L-arginina misturada com outro suplemento (RN). A medida do grau de roturas fibrilares do músculo que realizou em todos os grupos nos permite observar como o grupo que teve mais rotura muscular foi o que não tomava nada, e o que menos teve foi o que tomava apenas L-arginina , atingido praticamente do grupo em repouso.
- No âmbito sexual, actua sobre a mesma rota metabólica que o fármaco da viagra, causando um efeito parecido, para aqueles que padecem de disfunção eréctil, mas em um nível menor.
- Produz um aumento da quantidade de mitocondrias (biogénesis mitocondrial) melhorando a utilização de ácidos gordos por parte do músculo esquelético. Além disso, produz um aumento da quantidade de enzimas mitocondriales, elemento que vai fazer que tenha uma maior produção de ATP, a molécula que aporta a energia para fazer funcionar todo o corpo.

Concretamente, nesta imagem vemos a rota metabólica que desenvolve tanto o exercício como o óxido nítrico no interior da célula. Os estímulos musculares fortes fazem que se expresse o gene de PGC-1α, o qual estimula, a sua vez, a transcrição de diferentes genes implicados na criação do músculo novo, a criação das novas mitocondrias que efectuaram a cadeia respiratória, e assim uma maior criação de ATP, e de genes implicados na utilização de ácidos gordos como fonte de energia (β-oxidación).
Contras do Óxido Nítrico
Para poder valorar bem uma substancia também se deve de ter em conta os contras e ser conscientes de não que pode levar uma suplementação mau feita. Os contras do óxido nítrico conhecidos até agora são:
- Um excesso de óxido nítrico sustenido ao longo dos anos que esta relacionado com casos de doenças neurodegenerativas como o Parkinson ou o Alzheimer, se bem que unicamente em aqueles casos nos que a quantidade esta elevada de forma endógena. Ainda assim, não é necessário tentar a sorte com níveis excessivos desta substancia.
- Ao ser uma substancia oxidante, pode causar danos no DNA, como alterações genéticas.
Suplementação com L-arginina para uma maior quantidade de óxido nítrico
Como já falamos, o óxido nítrico não tem nenhum tipo de armazenamento no corpo, pelo que é melhor repartir a dose deste suplemento em várias tomas, ou uma vez todos os dias, já que isto pode aumentar até em um 46% a quantidade de óxido nítrico no corpo, indicando vários estudos.
Apesar disso, devemos saber que ao ser uma molécula que sintetiza o corpo e, precisamente por isso, devemos incentivar a necessidade que este gere seu próprio óxido nítrico, já que, de não ser assim, a produção de óxido nítrico endógeno podia diminuir.
É importante destacar o facto que o nosso corpo é uma máquina que apenas sintetiza o que necessita.
Consequentemente, o caso que tenha sempre suficiente óxido nítrico, este não tem a necessidade de produzir, assim, este motivo recomenda-se fazer tandas de suplementos, cada dois ou três meses por exemplo, seguido de uma pausa de dois ou três meses e deveria tomar outro suplemento completamente diferente.
Fontes de Arginina
Existem alimentos que também contém uma maior quantidade de L-arginina, como podem ser os que contém ácidos gordos ómega 3 (as nozes e o pescado azul), os lácteos, a carne vermelha, e os que contém polifenoles (como a uva, o cacau puro e os frutos vermelhos), com outros que destacam especialmente como são a beterraba e especialmente a melancia, perfeita para reidratar nosso corpo de água, minerais, vitaminas e L-arginina durante todo o verão.
Conclusão
Neste artigo buscamos explicar o funcionamento do óxido nítrico e que papel tem durante o exercício. Também tentamos expor todas as vantagens e desvantagens da suplementação com L-arginina, que pode ser um bom suplemento para aqueles desportistas que encontram estancados na sua progressão para o seu objetivo desportivo, mas como todo suplemento deve tomar-se com precaução e consciência dos seus efeitos.
Fontes
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- Pearson SJ, Hussain SR. A review on the mechanisms of blood-flow restriction resistance training-induced muscle hypertrophy. Sports Med. 2015;45(2):187-200.
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