Vamos-te contar tudo o que precisas saber sobre a hidratação no futebol. O que temos que beber antes, durante e depois do jogo?
No meu último post referi o que era o treino invisível no futebol e quais eram os elementos que o compunham. Seguindo a mesma linha de raciocínio, hoje vamos pormenorizar a primeira das suas componentes, a Hidratação.

Índice
- 1 Quantas calorias são queimadas num jogo de futebol?
- 2 Por que é importante manter uma hidratação adequada?
- 3 O que acontece se nos desidratarmos?
- 4 Quanto líquido perde um jogador num jogo de futebol?
- 5 Perda de sódio
- 6 Como afeta a temperatura ambiente?
- 7 Estratégia de hidratação
- 8 Conclusões
- 9 Referências Bibliográficas
- 10 Entradas Relacionadas
Quantas calorias são queimadas num jogo de futebol?
O futebol, ao ser um desporto intermitente de alta intensidade, com uma duração competitiva bastante elevada (90 minutos), leva associado um gasto energético também ele muito elevado, rondando, em média, as 16 kcal/min (Bangsbo, 2006).
Este gasto energético provocará uma fadiga no jogador, o que naturalmente implicará um aumento da sua temperatura corporal.
Por que é importante manter uma hidratação adequada?
Se é verdade que este fenómeno é indispensável para manter o equilíbrio térmico, a produção de suor vai provocar uma perda de líquidos no nosso organismo (Maughan et al., 2007), desencadenando um processo de desidratação.
Parece óbvio que, quando jogamos futebol (ou praticamos qualquer outro tipo de exercício), a nossa temperatura corporal aumenta e começamos a suar. No entanto, o que não parece assim tão evidente são os efeitos que esta transpiração vai ter sobre nós se não repusermos estes líquidos perdidos da maneira mais adequada possível.
O que acontece se nos desidratarmos?
Um dos principais efeitos dessa desidratação será a diminuição do rendimento durante o jogo à medida que vamos perdendo líquidos, tanto a nível de resistência como de força (Ali & Williams, 2013) e velocidade (McGregor et al., 1999).
Quanto líquido perde um jogador num jogo de futebol?
A desidratação média de um jogador ao longo dos 90 minutos que dura um jogo de futebol é de, aproximadamente, 3,4% do seu peso corporal (Aragón-Vargas et al, 2009),
Perda de sódio
Juntamente com os líquidos que perdemos durante a transpiração, o nosso corpo também elimina eletrólitos, sendo o mais significativo de eles o sódio.
Como afeta a temperatura ambiente?
A transpiração é maior quando jogamos sob elevadas temperaturas, dado que a nossa temperatura corporal aumenta mais rapidamente e o nosso organismo necessita de combater esse excesso de calor.
Está provado que os jugadores que competem a baixas temperaturas também sofrem uma desidratação considerável provocada pela transpiração (Maughan et al., 2005).
No seguinte gráfico podes observar a perda de líquido em diferentes temperaturas:
Perdas e consumo de líquido médio durante um treino de 90 minutos. Equipa A: Suor = 2193±365 mL, Consumo = 972±335 mL. Equipa B: Suor = 1690±450 mL, Consumo = 423±215 mL.
Estratégia de hidratação
Por isto tudo, é indispensável ter uma correta estratégia de hidratação, tanto antes como durante e depois dos treinos e dos jogos.
O objetivo é manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico do nosso organismo e evitar assim tanto a perda de rendimento como as temidas lesões.
Reposição de glucogénio
Tendo também em conta que, durante a competição, os nossos músculos consomem a energia armazenada em forma de glucogénio, torna-se necessário que, além da reposição de líquidos para evitar a diminuição de rendimento, haja a necessidade de também assegurar ao corpo a reposição desse combustível.
A concentração de hidratos de carbono é ideal para este tipo de bebidas e deve ser de 4-8%.
A literatura científica, a longo das últimas décadas, estudou e procurou de forma intensa estratégias de hidratação no futebol.
Hidratação Pré-Jogo
Se a perda de líquidos nos produz uma desidratação, será indispensável começar o jogo perfeitamente hidratado, uma vez que uma desidratação prévia irá acelerar demasiado todo o processo anteriormente estabelecido.
Hidratação durante o Jogo
A partir do momento do início do jogo, começa a desencadear-se o mecanismo de transpiração e a consequente eliminação de líquidos.
No entanto, como cada parte dura 45 minutos, é difícil seguir esta regra (exceto nos momentos em que existe o “cooling break” ou “pausa para hidratação”), pelo que devemos tentar hidratar-nos sempre que tenhamos oportunidade.
Hidratação ao intervalo
Esta pausa de 15 minutos é o momento perfeito para se repor tanto os líquidos perdidos como o glucogénio consumido durante a primeira parte.
Hidratação Pós-Jogo
Assim que o árbitro apitar no final dos 90 minutos, é momento de pensar na recuperação para chegar ao próximo treino no melhor estado possível.
Este processo de reidratação tem uma duração aproximada de 6 horas, pelo que nos concentraremos na reposição de líquidos e eletrólitos. Vamos consumir, sobretudo, água e sumos ou também algum tipo de preparação orientada para a recuperação.
Para teres sob controlo a quantidade de líquido que consumiste, recomendo que utilizes a tua própria garrafa, tanto de água como da bebida desportiva, e que o assimiles dentro da tua rotina tanto de treino como de jogo.
Conclusões
Em conclusão, devemos ter consciência do nosso nível de hidratação no futebol para garantir:
- Um adequado equilíbrio hídrico no nosso organismo.
- Ser capaz de manter o nosso nível de rendimento o mais alto possível durante todo o treino ou na competição,
Referências Bibliográficas
- Sawka M.N., Burke L.M., Eichner E.R., Maughan R.J., Montain S.J., Stachenfeld N.S (2007). American College of Sports Medicine position stand. Exercise and fluid replacemen. Med Sci Sports Exerc 39:377-390.
- Maughan R.J., Shirreffs S.M., Merson S.J. y Horswill C.A (2005). Fluid and electrolyte balance in elite male football (soccer) players training in a cool environment. Journal of Sports Sciences 23: 73-79.
- Shirreffs, S. M. and R. J. Maughan (1998). Volume repletion after exercise-induced volume depletion in humans: replacement of water and sodium losses. Am J Physiol 274(5 Pt 2): F868-875.
- Ali, A, and C. Williams (2013). Isokinetic and isometric muscle function of the knee extensors and flexors during simulated soccer activity: effect of exercise and dehydration. J Sports Sci. 31(8):907-16.
- Aragón-Vargas, L.F., J. Moncada-Jiménez, J. Hernándes-Elizondo, A. Barrenechea, M. Monde-Alvarado (2009). Evaluation of pre-game hydration status, heat stress, and fluid balance during professional soccer competition in the heat. Eur. J. Sport. Sci. 9:269–276.
- Maughan, R.J., P. Watson, G.H. Evans, N. Broad, S. Shirreffs (2007). Water balance and salt losses in competitive football. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab. 17, 583-594.
- McGregor, S.J., C.W. Nicholas, H.K. Lakomy, C. Williams (1999). The influence of intermittent high-intensity shuttle running and fluid ingestion on the performance of a soccer skill. J Sports Sci. 17(11):895-903.
- Bangsbo, J., M. Mohr, P. Krustrup (2006). Physical and metabolic demands of training and match play in the elite player. J. Sports Sci. 24:665-674.
- Aragón-Vargas, L. y Mayol-Soto, L. (2008). Hidratación en el Fútbol: ¿Qué hemos Aprendido hasta Ahora?. PubliCE.
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